Como o sol de primavera anda tímido e as nuvens chovem descaradamente quando lhes apetece, decidi por uma visita cultural, escolhendo o Museo da Límia, em Vilar de Santos (OU), onde anda um síndrome à solta que se pega com facilidade, chamado Vilardesantite.

Sendo o único museu que eu conheço totalmente dedicado à Límia, essa enorme veiga por onde as águas do Rio Lima sempre correram, desde os tempos do mar limaio, o lago Beón, a Lagoa de Antela, é surpreendente o quanto há a descobrir sobre este território, cuja beleza só se vê depois de encontrados os segredos que em si encerra.

André Taboada Casteleiro, o nosso guia, que em perfeito Português e ensinando-nos o léxico Galego, oferceu-nos uma visita sentida aos segredos desta depressão tectónica, terra galaica castreja e sempre muito disputada pela riqueza da chaira – o que justifica também a invasão e permanência dos Romanos há 2000 anos atrás. Nunca perceberei muito bem porque se preza mais o invasor romano do que a nossa inegável raiz celta…talvez um tour wanderlust por terras limaias possa esclarecer melhor.

Depois de ficarmos a saber da Lenda da Antóquia, de como se altera toda uma comunidade à volta da Antela com uma decisão política de dissecar a lagoa, de custos ambientais elevadíssimos e perdas culturais, patrimoniais e antropológicas irreparáveis, sobram as imagens que mostram a sua extensão e as estórias populares que definiram gerações milenares e o seu modus vivendi.

Claro que nos revemos muito mais nas semelhanças do que nas diferenças e como eu ainda vivi em tempos antes do choque tecnológico chegar às nossas aldeias, os meus filhos ficaram maravilhados com o engenho popular de como fazer as coisas do dia à dia, assim como as artes e ofícios ancestrais e os utensílios e ferramentas usadas.
Verdade seja dita: a internet não consegue substituir um guia de museu que adora o que faz, porque o sabe, tanto é que na venda da tenda lá consegui adquirir um livro-disco com os Sons da Límia.

Recomendo esta visita para famílias com crianças – é uma óptima forma de numa pequena viagem ficarem a saber de como os seus avós viviam e descobrir a importância do nosso ajuste de coabitação com o meio ambiente em que estamos inseridos, sem o danificar…é uma pena que outros factores externos tenham riscado imagens como esta do nosso panorama…