Morriña…
Saudade com perfume de L‘été indien de Joe Dassin nos lânguidos lusco-fuscos de setembro galego…
Fui em Setembro…dia 1, a escapadinha para a Kallaika, recordando papiros grafitados na urbe pós-angústias de Betanzos.graffiti em Betanzos
Fomos ao Pasatempo…106 anos, notórios, carente de visita regular e desconcertante composição – gostámos da intrigante construção e do tempo passado a descobrir as horas de ser.
Tinha pressa…queria seguir para A Coruña
Não é habitual, mas já foi tantas vezes ao Hércules e nunca se proporcionou a subida ao único farol construído pelos Romanos e ainda em funcionamento. Planeei a estadia no Hotel Eurostars Ciudad de La Coruña, muito recomendável, por ficar nas imediações da Torre de Hércules, obrigando-nos a fazer aquele passeio magnífico até à estátua de Breogán.
E o prémio do plano compensou: o seu interior merece uma visita demorada, não é todos os dias que posso tocar em pedras duma edificação com quase dois milénios de idade: faltou-me dizer que o plano era ver o sol-pôr do alto do farol…e resultou magnificamente num momento inolvidável!
O segundo dia foi para aprender, para gáudio dos mais jovens, começando pelo agradável Aquarium Finisterrae, que prima pela proximidade e interação e com o staff mesmo muito simpático. E conseguimos ver o tubarão enquanto almoçava…
Como iniciámos cedo e à hora do almoço seria sempre tardia, optámos pela visita à surpreendente Domus, destacando-se pela linguagem simples para a aprendizagem que se proponha realizar, até para os nossos antepassados.
Para fechar o circuito mc2coruna, visitámos a Casa das Ciências, cuja funcionária muito simpática ainda partilhou a sua memória de infância do seu encontro no jardim do alemão Mán de Camelle. E as ciências foram muito divertidas, mesmo sem planetário por não se conjugar com o nosso plano de viagem. Teremos de voltar, também por causa da Alita Comix e o ar de além de Miguelanxo Prado.
Assim, depois da magia das ciências, partimos em busca de outra: a magia de Muxia e a Virxe da Barca, santuário da grande ferida e destino mandatório do camino.
Sim, isso tudo num dia… naturalmente que a expressão só podia ser de alma plena.
Tempo de chegar ao fim da terra, com base no Sardiñeiro e o seu Merendero, onde é sempre bom rever o señor Domingo, antes de um sol-pôr majestoso.
Fechamos o dia no Peppone, a pedido dos mais pequenos, onde Tamara foi a nossa muito amável anfitriã…para os que aguentaram o dia, claro 🙂
Como sempre, tudo muito bem nesta casa…até o sono!
A estival canícula suave permitiu banhos na longa Langosteira e decidimos dedicar todo o dia seguinte à praia e ao marisco: um plano simples e saboroso.
Dia 4 e quisemos saber o que significa uma subida de montanha na La Vuelta e subimos ao mirador do Ézaro…esses ciclistas são loucos!
Passamos o embalse do Xallas e vimos o Monte Pindo numa outra perspectiva, que vai ser objecto de viagem futura, e fomos confirmar que, realmente, o tamanho importa em Carnota…hóstia!!!!
Tapamos, bem, no Pedro do Prouso, com os callos à galega soberbos e alguns “vários” secretos. Tarifas de turista…
Para fazer a digestão, regressámos a Ézaro e visitámos o Centro de Interpretação da Electricidade.
A magnífica cascata do Xallas em Ézaro fascina sempre e fica a promessa de voltar para ver a sua iluminação nocturna com projectores arquitecturais, todos os sábados das 23h00 à meia-noite durante os meses de verão. Fica a dica…
E se nunca viram um banco de névoa no fim do mundo e quão rápido galga para esconder tudo dentro do seu manto, saibam que perdem um espectáculo fantasmagórico: ao fim de 5 minutos, todo o cabo estava encoberto.
Dia 5, dia das praias: primeiro, o santuário familiar que é a praia de Sardiñero, meditativa e restauradora de equilíbrio.
E depois a Praia do Rostro, selvagem serenidade artábria…
Por fim, inauguramos o Langosteira Beauty Spa
E assim chegou o sol-pôr de despedida de Fisterra, que voltou a ser um deleite de tranquilidade em cores quentes e silêncio morno.
Sempre vi muitas fotos do sol-pôr de Fisterra, por isso quis também honrar o seu raiar de aurora: ambos merecem o momento de contemplação.
No dia de regresso, fizemos a Costa da Morte até Corrubedo e visitámos o fantástico cordão dunar, parque natural protegido: ficou também a promessa de um dia dedicado.
E assim, como refrão incessante daquele êxito de verão que nos vibra na alma, regressámos com o perfume e ar da Costa da Morte na alma, memórias e sabores de paisagens novas e revisitadas, felizes por viver tão perto desta terra mágica, prenhe de morriña que se pega como amor à primeira vista…
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